segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O MODELO DE JOGO COMO "NORTEADOR" NA FORMAÇÃO DE ATLETAS


Rodrigo Vicenzi Casarin

Luis Esteves



"Não é possível compreender e explicar a complexidade dos JD, enquanto sistema de transformação, senão apelando a modelos que integrem as noções de ordem, desordem, integração e organização"

Gréhaigne (1992).
O processo e o emergir de talentos se estabelece a partir da criação de estratégias acentuadas com base em sistemas auto-organizados e longevos, ou seja, trata-se de um desenvolvimento a longo prazo que pressupõem no investimento da inteligência, criatividade, autonomia, educação e variabilidade (BENTO, 2004; FRADE, 1979).

Os projetos de formação são de suma importância para a criação de uma cultura futebolística, com princípios e regras coerentes e bem definidas, que tenham por base um modelo de jogo que, por sua vez, orientará a concepção de um modelo de treino, um modelo de jogador e até mesmo um modelo de treinador (LEAL e QUINTA 2001).

Na concepção de Garganta (2007), o futebol só faz sentindo entendido dentro de uma proposta tática, com o treino visando a implementação de uma “cultura para jogar”. Para o autor, a forma de jogar é construída e o treino consiste em modelar os comportamentos e atitudes de jogadores/equipes, através de um projeto orientado para o conceito de jogo/competição. Carvalhal (2001) confirma esse pressuposto, afirmando que o modelo de jogo deve ser o “cerne” de todo processo de treino.

Entende-se por modelo de jogo um corpo de idéias, relacionados como uma determinada forma de jogar, constituindo assim como um “perfil” de jogo da equipe (GRAÇA e OLIVEIRA, 1994). O mesmo consiste no mapeamento de um conjunto de referências necessárias para balizar a organização dos processos de organização ofensiva e defensiva e transições ofensivas e defensivas, respeitando os princípios definidos (CASTELO, 1994; MORBAERTS 1991).

Neste seguimento, Oliveira (2004) refere que o modelo é essencial para arquitetar e desenvolver um processo coerente e específico preocupado em criar um jogar. Desta forma, Leandro (2003) menciona também que cada concepção de jogo produz um modelo de jogo próprio, uma vez que as idéias inerentes a uma determinada cultura de jogo se diferenciam. Castelo (1996) refere que cada modelo de jogo compreende a sua evolução dinâmica e criativa ao longo do seu processo de desenvolvimento. Portanto, Frade (2006) afirma que o modelo de jogo é a maneira como uma equipe irá jogar, é a cultura de clube, é a relação com a FORMAÇÃO... enfim é TUDO.

Assim, sabe-se que, quando um treinador chega a um clube, além de analisar sua condição física-estrutural-planejamental (materiais, campos, recursos financeiros, competições), observa seus jogadores e pensa na melhor forma de pô-los a jogar (sua concepção de jogo) em cima da cultura de futebol do clube. Essa é a lógica. Certo ou errado? Errado. Poucos dos nossos clubes e treinadores respeitam suas questões históricas e culturais, e a cada semestre modificam sua forma de jogar, não adquirindo uma cultura de clube necessária para criar uma identidade futebolística. Essa constatação é um dos vários “cancros” do nosso futebol e acaba refletindo nas categorias de base.

Oliveira (2008) confirma essa idéia afirmando que, quando um treinador é contrato por um determinado clube, trás consigo sua concepção de jogo, porém, terá que se adaptar a cultura de clube que poderá ter um Modelo de Jogo padronizado a todas as categorias. Assim, o treinador terá que adaptar suas idéias de jogo em cima desse modelo preconizado. Na concepção de Pinto (1996), é a existência de uma cultura de jogo comum a todos os jogadores que os distingue de outros, sendo essa mesma cultura de jogo a responsável pela diferenciação de várias equipes, apresentando-se como uma “impressão digital” de cada equipe.

Nesse entendimento, parece que as idéias do treinador não são importantes para a idealização do modelo?

Evidente que são, mas para serem válidas e relevantes, as mesmas devem ser contextualizados com a cultura de jogo, modelo de treino e o modelo de jogadores pertencentes ao clube. Frade (2004) deixa explicito que o treinador tem uma ação decisiva em todo processo evolutivo da equipe, já que aplica um conjunto de conhecimentos prévios (seu conhecimento sobre o jogo) e que se informou e vai adquirindo diariamente sobre o clube que gere (conhecimento sobre a cultura de clube).

Assim, o treinador, no momento de construção do modelo de jogo da sua equipe, além de considerar as suas idéias de jogo, deve respeitar as questões culturais do clube e as sócio-culturais dos jogadores (PINTO e GARGANTA, 2006).

Portanto, o treinador não está sozinho; por mais claro e evidente seja aquilo que deseja (sua concepção de jogo), o mesmo lidará com fatores importantes que afetarão no desenvolvimento do modelo de jogo.

Na concepção de Mourinho (2001), para elaboração de um modelo de jogo é importante conhecer:

 O clube em questão; características históricas, sociais e culturais do clube;

 A equipe e o respectivo nível de jogo;

 O nível e as características individuais dos jogadores;

 O calendário competitivo;

 Os objetivos a atingir;

 Organização funcional ou articulação princípios, sub-princípios e sub-sub-princípios estabelecidos nos momentos do jogo;

 Organização estrutural ou sistemas táticos;

 Realidade estrutural e financeira.

Também, como se refere Oliveira (2008 cit. por Lemos 2008), deve-se considerar outros aspectos relevantes:

 Modelo de Clube (estilo de jogo marcante); se é compatível com minhas futuras idéias;

 Número de Jogadores no plantel;

 Número de treinadores ou integrantes da comissão técnica;

 Número de treinos semanais.

Desta forma, a construção de um modelo de jogo deverá evidenciar uma construção fractal única, aberta as contingências das interações entre os diferentes agentes (aspectos históricos, torcedores, treinadores, jogadores...) e ao respectivo envolvimento cultural que esse jogar emergirá (OLIVEIRA, 2004).

Torna-se ainda mais claro após as exposições acima, que, para que tal seja exeqüível, deve-se ter em conta um fio condutor, isto é, um padrão cultural (modelo de clube), um modelo de treino e modelo de jogador, cujas articulações sejam devidamente efetuadas entre as categorias de base, inspirando-se no plantel profissional, nas idéias de jogo deste (MACIEL, 2008).

Dessa maneira, todas as equipes devem procurar padronizar seu futebol, construindo um modelo de jogo a ser utilizado em todas as categorias. Assim, o processo de formação ficará completo e o jogador, ao chegar à equipe profissional, estará preparado para desempenhar seu papel (em sua determinada posição) de uma forma satisfatória, já que sua experiência na base lhe dará condições para vivenciar padrões comportamentais similares aos do futuro.

Mas deve-se ter em mente as caracterizações que cada faixa-etária exige. O mesmo modelo de jogo será utilizado em todas as categorias, mas os exercícios, as sessões semanais, o tempo das sessões, as exigências pelo resultado e pelo cumprimento dos padrões pé-determinado táticos-técnicos-psicologicos-físicos, deverão diferenciar-se, já que não se pode confundir o futebol-base com o futebol-profissional. Neste contexto, o Modelo de Jogo não pode ser rígido, devendo ser variável dependendo do contexto em que se insere (CARDOSO, 2006).

Para Silva (2008), o processo de treino deve pautar-se por princípios que modelem o jogo no sentido de uma concretização equilibradora entre o ser que joga e o jogo que é jogado. Ou seja, por um lado a modelação do jogo deve considerar a criança, o jovem, sua singularidade, e, por outro lado, deve considerar o jogo com inteireza inquebrantável.

Nesse contexto, Garganta (2002) coloca uma seqüência de progressão do modelo de jogo, dividida em três fases básicas; é importante saber isso para entender o processo de aprendizagem/ensino da equipe e dos jogadores. Não há uma velocidade específica de ensino, pois cada equipe tem um tipo de resposta aos estímulos propostos.


MODELO RUDIMENTAR

 - Jogo estático, não orientado, jogadores centrados sobre a bola, excesso de verbalização.

 Os jogadores perseguem indiscriminadamente a bola, aglutinando-se sobre ela;
 Dificuldades na relação com a bola (Domínio, Controle, Proteção, Passe... etc.);
 Utilização sistemática da visão para olhar a bola, impossibilitando a "leitura" do jogo;
 Imobilismo dos jogadores sem bola, excesso de verbalização;
 A circulação da bola não é voluntária;  Sucessão de ações isoladas e explosivas sobre a bola.


MODELO INTERMEDIÁRIO

 - Jogo estático, orientado, jogadores centrados sobre o passe.

 Ocupação mais racional do terreno de jogo, embora pouco eficaz, pois é pouco móvel, estático;
 Existência de blocos de jogadores estáticos que trocam passes entre si;
 A visão (Central e Periférica) vai sendo aos poucos "libertada" para ler o jogo;
 Todo o encadeamento de ações necessita de uma paragem Bola-Jogador;
 Pouca agressividade ofensiva.

MODELO AVANÇADO

 - Jogo dinâmico, orientado, jogadores centrados sobre a finalização - Gol

 Jogadores organizados em funções de finalidades diferentes;
 Agressividade ofensiva;
 O portador da bola joga de cabeça levantada para "ler" o jogo;
 Alternância do jogo em largura e profundidade;
 As ações são organizadas em função dos alvos – goleiras;
 As ações são encadeadas;
 Privilegia-se a Comunicação Motora, em detrimento da Gestual e Verbal.

Então, é importante respeitar o processo de progressão qualitativo do modelo de jogo; isso não tem tempo certo, depende da categoria, da maturação dos atletas, da especificidade do treino. Portanto, não é de um dia para o outro que os atletas estarão prontos para integrarem o grupo profissional. O processo só ficará completo se a progressão lógica e o roteiro hierárquico das fases de aprendizado ao modelo de jogo forem vivenciados inteiramente pelos atletas.

Desta forma, podemos observar que o treinar deve ser perspectivado através de níveis de complexidade diferentes e crescentes, determinado por um padrão (modelo de jogo) que evoluirá qualitativamente, tornando-se um hábito não estanque e mecânico, gerador de automatismos libertadores.


Corroborando essa idéia, Faria (1999) afirma que esse hábito de jogar de determinada maneira só poderá acontecer se os princípios do modelo de jogo estiverem claramente definidos, forem trabalhados de forma sistemática e evidenciarem uma idéia coletiva de jogo. Poucos clubes no mundo encontram-se com uma cultura de formação orientada por um modelo de jogo, devidamente organizada e operacionalizada. Um exemplo clássico é o Barcelona, onde certamente o grande sucesso nas últimas décadas deve-se a sua cultura de formação.

Evidente que o Barcelona não é parâmetro para ninguém aqui em nosso país, mas pode ser espelho para clubes que estão buscando uma mudança de mentalidade. Assim, sugere-se nesta estruturação do departamento de base, a unificação de um modelo de jogo e a contratação de profissionais que se identifiquem com esta proposta.

Esses preceitos acima citados, certamente proporcionarão uma formação qualificada e ajudarão a romper a crise tático-técnica-psicologia, (a dimensão física não foi citada, em virtude da hiper-valorização da mesma nos departamentos de base) e econômica pelo qual os clubes estão passando. Assim, os clubes terão jogadores qualificados, não apenas para serem negociados, mas para jogarem no clube, sem necessitar a cada ano contratar jogadores que não se identificam com o clube e que contribuem demasiadamente para os gastos.

Por fim, o modelo de jogo deve ser entendido com um sistema auto-organizado e autopoiético, algo em aberto e dinâmico, contemplando mudança, um aspecto determinante para emergi-lo da criatividade dentro do sistema, que, tendo subjacente um determinado padrão, permite ao jogar e aos potenciais talentos, evoluírem para níveis de complexidade mais elevados, sem perda de identidade (MACIEL, 2008).

Assim, fica latente esse preceito de começar a utilizar o modelo de jogo como referência para formação de atletas aqui no Brasil. Mas deve-se perceber a interdependência dos conceitos de modelo de clube, modelo de treinamento e modelo de jogador, dentre outras variáveis, para chegar ao resultado final: modelo de jogo.

Os paradigmas estão em constante mutação; evidente que seus conceitos levarão algum tempo para serem aceitos, considerados normais e válidos, principalmente nesse mundo “monopolizado” do futebol. Friedrich Nietzsche retrata muito bem esse panorama ao afirmar que “não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.



REFERÊNCIAS

BENTO, J.O; Conceito de Formação. In TANI, G.; BENTO, J; PETERSON, R. (Eds.), Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

CARDOSO, F; A necessidade de contextualizar a dimensão táctica no Futebol. FADEUP. 2006.

CARVALHAL, C; No treino de futebol de rendimento superior: a recuperação é… muitíssimo mais que recuperar. Braga: Liminho, 2001.

CASTELO, J; Futebol, a organização do jogo; edição do autor; Lisboa, 1996.

CASTELO, J; Futebol: modelo técnico-táctico do jogo. Lisboa: Edições FMH-UTL

Mombaerts, E. (1991). Football de l´analyse du jeu à la formation du joueur. Ed. Actio. Joinville-le-Pont. France. 1994.

FARIA R; Periodização Táctica. Um imperativo Concepto-metedológico do Rendimento Superior em Futebol. FADEUP,1999.

FRADE, V; Disciplina de "Opções - Futebol". Esboço analítico de programa. Universidade do Porto. 1979.

FRADE, V; Apontamentos das aulas de metodologia aplicada I, opção de futebol. Porto. FADEUP, 2004.

FRADE, V. Apontamentos das aulas de metodologia aplicada I, opção de futebol. Porto. FADEUP, 2006.

GARGANTA, J; Competência de ensino de jovens futebolistas. Universidade do Porto/ Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física. Rev. Digital, ano 8, fev. 2002. Disponível em .

GARGANTA, J. Modelação Táctica em Jogos Desportivos: A Desejável Cumplicidade entre Pesquisa, Treino e Competição. I Congresso Internacional Jogos Desportivos. FADEUP. 2007.

GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J; O ensino dos jogos desportivos. Centro de Estudos dos jogos Desportivos. FADEUP.1994.

LEAL, M.; QUINTA R; O treino de futebol: uma concepção para a formação. Braga: APPACDM

LEANDRO, T; Modelo de Clube: da concepção a operacionalização. Um estudo de caso no futebol clube do porto.FADEUP. 2003.

LEMOS R; Periodização táctica: um aprofundamento e uma explicação para a conotação de modelização sistêmica. Curso de animação e gestão desportiva. 2008.

MACIEL, J; A incorporacção precoce dum jogar de qualidade como necessidade (eco)antroposocialtotal: Futebol um Fenómeno AntropoSocial Total, que primeiro se estranha e depois se entranha e logo, logo, ganha-se! FADEUP. 2008.

MOURINHO, J; "Programação e periodização do treino em futebol" in palestra realizada na ESEL, no âmbito da disciplina de POAEF. 2001.

OLIVEIRA, G. J; O conhecimento especifico em futebol. Contributos para a definição da uma matriz dinâmica do processo de ensino-aprendizagem /treino do jogo. Tese de Mestrado (não publicada), FADEUP. 2004.

OLIVEIRA, G. J; Entrevista. O desenvolvimento do jogar segundo a periodização tática. FADEUP. 2006.

PINTO, J; A táctica no futebol: abordagem conceptual e implicações na formação. In: J. Oliveira e F. Tavares (Ed.). Estratégia e táctica nos jogos desportivos colectivos. FADEUP. 1996.

PINTO J.; GARGANTA, J; Contributo da modelação da competição e do treino para a evolução do nível de jogo no futebol. In: Oliveira J, Tavares F. Estratégia e táctica nos jogos desportivos colectivos. Porto: FADEUP. 1996.

SILVA, R; A pluridimensionalização de uma aprendizagem que, sendo futebolística, é uma emergência funcionalmente específica, como objecto de conhecimento futebolístico-científico! : abordagem a uma era pós futebol de rua pela radiografia do talentizar, num futebol que forma, não deforma! FADEUP. 2008.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

EXERCÍCIO

"Se é para ser atropelado, que seja por uma Ferrari"
Cruyff
 após perder para o São Paulo FC o Mundial de clubes em 1992
EXERCÍCIO


RETIRADA DA PRESSÃO
PRESSÃO

Exercício que consiste em realizar uma pequena circulação, seguida de uma retirada de pressão no jogador que esta como referência.

Ao haver essa retirada se inicia um processo de organização ofensiva com circulação de quem fez a virada. A equipe que no caso for defender, deve valorizar um quadrado e utilizar a zona pressionante ou a marcação por zona, de acordo com os objetivos do treinador.

Grande abraço
Luis Esteves


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

EXERCÍCIO - RETIRADA DA PRESSÃO


 A construção de uma forma de jogar implica tempo. Nesse sentido, a periodização é o tempo que é gasto na construção do jogar que o treinador pretende. Neste sentido, o período que temos é normalmente de um ano. Mas depois há sub-períodos que eu utilizo e que são os mais determinantes no processo de operacionalização, que é o padrão semanal. Como temos jogos, normalmente, semana a semana, é esse o período que utilizo para preparar a equipa para o jogo seguinte. Eu considero o padrão semanal de extrema importância porque é ele que me vai dando, através dos treinos e dos jogos, as indicações de evolução ou não da equipa e dos jogadores, relativos aos padrões de comportamento desejados. Em virtude disso, surge a possibilidade de permanentes ajustes de todo o processo. Ou seja, através do padrão semanal nós podemos gerir a evolução de todo o processo de construção da forma de jogar.

José Guilherme Oliveira


EXERCÍCIO

 


Exercício para a habituação de mecanismos de retirada da pressão de forma curta e longa.

- Variação:

AO RETIRAR A BOLA DA PRESSÃO, A EQUIPE QUE O FEZ GANHA O APOIO DOS JOGADORES DA ESPERA PARA FINALIZAR NA GOLEIRA GRANDE TAMBÉM, SENDO ASSIM UM JOGO DE 10 CONTRA 5.
Basicamente é formado por equipes de 3, 4, 5, ou 6 Jogadores (depende da propensão que se quer), em que um dos jogadores fica num campo contrário, dando uma referência de retirada da pressão longa, e os apoios funcionam como mecanismo de retirada da pressão curta.

Após essa retirada de pressão longa inicia-se um novo processo de organização ofensiva e defensiva de ambas as equipes, onde quem deve finalizar na goleira é a equipe que conseguiu a virada, quem defende a goleira é a equipe que deixou a virada ocorrer.

Possíveis princípios objetivados:

- Retirada da pressão (automática pelo objetivo do exercício)
- Posse e circulação - 3 passes no mínimo, podendo aumentar para haver a retirada
- Zona pressionante - na transição deve haver a RECOMPACTAÇÃO seguida da pressão na zona da bola.

Também pode-se enfatizar:

- Situação de 1x1
- Condicionamento do adversário
- Identificação do lance vertical ou da valorização
- Criação de Linhas
- Mecanismos Ofensivos - Movimentações planejadas
- Mecanismos Defensivos - Sobra, Linha de Impedimento
- Finalização
- Linhas de entrada
- Tempo de entrada



Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com

sábado, 21 de agosto de 2010

EXERCÍCIOS

EXERCÍCIO 01


Retirada da Pressão

Jogo 3 x 6 em estrutura
No exemplo jogam os 3 jogadores de meio do 4.3.3 contra 6 jogadores da equipe vermelha, que também estão colocados em estrutura de uma linha de 4 mais 2 volantes. A ideia é ir variando os campos com trios que pressionem naquela zona, sua zona de atuação.

O grande objetivo do exercício é que o trio da equipe azul que esta no quadrado pressione e roube a bola o mais rápido possível, e quando conseguir isso valorize a posse e tire da pressão com os jogadores das extremidades, posicionados em estrutura, ou seja, no caso, um 4.3.3.

Após isso, joga-se 10 x 6+G, em uma situação de posse do time azul, que circulará até finalizar o lance dentro de algum mecanismo ofensivo determinado.

Ao término volta-se para um dos campos, e vai revezando o grupo de pressão.

EXERCÍCIO 02


Valorização do espaço interior e exterior

Retirada da Pressão
Pressão (Equipe de 6 maior valorização na zona pressionante sem a bola, com ela maior criação de linhas)

A equipe azul, com inferioridade no meio, deve estabelecer uma pressão em conjunto (triangulo) para tentar roubar a bola e retirar da pressão para o campo em que pode igualar o número.

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Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PERCEBER A DIFERENÇA

por Carlos Campos

Retirado de Nuno Amieiro em:

http://falemosfutebol.blogspot.com/search/label/OPINI%C3%83O

Ao realizar o ritual habitual de vasculhar memórias, felizmente ainda recentes, das aulas de Metodologia de Futebol do Professor Vítor Frade, encontrei uma crónica de Mourinho para a revista Record DEZ de 15 de Outubro de 2005 onde este procura desmontar uma série de conceitos chave em redor do seu entendimento acerca do Treino. Recordo-me bem de algumas polémicas geradas em torno destas questões, muitas dúvidas e mal-dizer que ainda hoje persistem naqueles que, por maldade ou incapacidade, não aceitam a diferença relativamente a uma forma de operacionalizar o processo de Treino. Depois disto já muita tinta correu, mas esta crónica não perdeu pertinência e este parece-me ser o espaço de eleição para a reavivar. Da minha parte atrevi-me a analisá-la à luz daquilo que acredito, interpreto e julgo saber.

“(...) Desculpem-me os que são crentes, mas para nós não passam de vocabulário desactualizado.

Refiro-me a conceitos como treino físico, preparação física, pastas de preparação física, entre outros. Não critico quem pensa desta forma. Critico quem compara o nosso processo com outros processos. Os processos de treino e competição são todos diferentes. Para nós é uma questão de concepção, mas mais do que isso é uma questão de “operacionalização”.

Começo por dizer o que tenho dito noutras alturas: não tenho preparador físico, pelo que não posso ter pastas de preparação física, pois como líder responsável pelo processo não teria pasta para lhe dar! Tenho sim colaboradores no processo de treino e jogo, com funções muito específicas, de acordo com as necessidades de gestão de uma época longa. Tudo se relaciona com a forma como treinamos. Não temos espaço para o treino físico, isto é, não temos espaço para os tradicionais treinos de resistência, força ou velocidade. É tudo uma questão de comportamentos! (...)”

Logo a abrir, Mourinho tem como primeira preocupação separar aquilo que é manifestamente oposto. Embora os mais distraídos ou menos lúcidos insistam em usar o mesmo rótulo para o treino de Mourinho e para o treino dos demais, isso encerra um erro tanto mais grave quantas mais são as vozes que procuram, pacientemente, explicar que existem diferenças abissais tais como as que permitem a distinção entre a densa Floresta Amazónica e o arenoso Deserto do Saara. Mesmo assim, a maioria continua a cair no erro de passear de camelo na Amazónia, daí a necessidade que Mourinho sentiu em, pela enésima vez, marcar aquilo que distingue a sua metodologia das demais.

Uma dessas marcas é, indubitavelmente, a ausência de “pastas de preparação física”, pois, na periodização do treino, Mourinho direcciona as suas preocupações noutra frequência. Contudo, esse referencial “físico” está de tal modo enraizado no treino desportivo em geral, e no Futebol em particular, que poucos são aqueles que conseguem entender, de uma vez por todas, que é possível haver alguém com sucesso estrondoso tendo como referência para o seu trabalho diário outra dimensão que não a física. E se são poucos os que entendem que é possível trabalhar desta forma, são ainda menos os que conseguem compreender o que está inerente a esta metodologia. E menos ainda aqueles que, depois de cumprirem as condições atrás enunciadas, conseguem operacionalizar o Treino segundo as demandas da Periodização Táctica. Reside aqui a explicação para o facto de Mourinho dizer que, antes de uma questão de operacionalização, é uma questão de concepção, pois a distância para o entendimento e aceitação desta metodologia é ainda de tal ordem gigantesca que não faz sequer sentido colocar a ênfase na operacionalização. Para se lá chegar ainda é preciso interiorizar que existe este conceito, esta metodologia, esta forma de pensar o Treino!

Os “colaboradores do processo de treino e de jogo” que Mourinho fala seguem a lógica de uma metodologia amplamente virada para a melhoria do “jogar” da equipa sendo a referência desse “jogar bem” o modelo de jogo definido e diariamente trabalhado. Isto é bem diferente de ter uma pessoa responsável pela componente física, pois aí a referência é outra e passamos a falar numa forma de periodizar o treino que nada tem a ver com aquilo que o então treinador de Chelsea defende. Não é somente uma questão de vocabulário. Não! É muito mais que isso!

“(...) Exercitamos o nosso modelo de jogo, exercitamos os nossos princípios e subprincípios de jogo, adaptamos os jogadores a ideias comuns a todos, de forma a estabelecer a mesma linguagem comportamental. Trabalhamos exclusivamente as situações de jogo que me interessam, fazemos a sua distribuição semanal de acordo com a nossa lógica de recuperação, treino e competição, progressividade e alternância. Criamos hábitos com vista à manutenção da forma desportiva da equipa, que se traduz por um frequente “jogar bem”. (...)”

O “jogar” torna-se, assim, o aspecto central de todo e qualquer processo metodológico e é em torno dele que tudo se desenvolve. A compartimentação de treino técnico, treino táctico e treino físico é algo que Mourinho não faz. O treino é sempre totalmente integral (o que é diferente de integrado!). Os ditos factores são integrados na medida em que todos os exercícios têm um objectivo táctico que os estrutura. A manipulação das condicionantes tempo, espaço, regras, etc, exercem também uma influência fundamental. Os fins estão sempre nos jogos! A predominância táctica é sempre trabalhada no contexto próximo da realidade e assim aparece o físico e o técnico mais específicos. A especificidade está presente quando, sendo capazes de caracterizar os princípios de jogo, o sistema que se vai privilegiar e as características dos jogadores que temos, actuamos sobre cada uma das nossas preocupações.

O modelo de jogo definido é constituído por princípios, subprincípios e sub-subprincípios de jogo e é sobre a melhoria destes comportamentos que se direcciona todo o processo de treino e aqui a melhoria diz respeito a tudo que os envolve sendo que, no final, o que se pretende é que todos os compreendam e interpretem eficazmente, traduzindo-se isso na “mesma linguagem comportamental” de que Mourinho fala. Esta lógica adquire uma complexidade tal que seria impensável estar a misturar isto com referenciais físicos.

A lógica de recuperação, treino e competição assenta na progressividade e alternância horizontal. Aprofundando ligeiramente estes dois conceitos podemos dizer que a ideia de progressão tem a ver com o modo como se passa de uns dias para os outros ser diverso, sendo que isso tem consequências evidentes. Isto resulta da circunstância de nos diferentes dias se trabalharem diferentes coisas, ou seja, há uma alternância, mas uma alternância horizontal: em cada dia trabalham-se coisas diferentes do “jogar” que se pretende.

O outro princípio que rege a Periodização Táctica é o princípio das propensões e consiste, sucintamente, na contextualização de determinadas coisas para que aquilo que se quer que aconteça, aconteça mais vezes. Isto é, concebe-se determinado contexto com o intuito de que ele conduza a determinado comportamento desejado.

O “jogar bem” de que nos fala Mourinho não é um “Jogar Bem” universal mas sim referenciado àquilo que se inscreve no seu modelo de jogo. Cada treinador almeja que a sua equipa jogue de determinada forma, contudo o caminho que cada um segue em busca do cumprimento dos comportamentos concordantes com o que o treinador pretende é que diverge substancialmente. Mourinho faz questão de assumir e explicar a metodologia que segue de modo a que as confusões e sobreposições indevidas desapareçam definitivamente.

“(...) Sei que é uma questão difícil de desmontar sob o ponto de vista cultural. Além do mais existem pessoas, por direito próprio, a pensar de forma radicalmente oposta. Mesmo para os que dizem treinar com situações de jogos reduzidos, porque mesmo esses vivem agarrados e obcecados com tempos de exercitação, de repouso, repetições, etc. Todas estas questões são para nós “acessórias”. O que é crucial é mesmo o conteúdo de princípios de jogo inerentes a cada exercício e a relação interactiva que estabelecemos com o mesmo. O que é mesmo fundamental é entender que aquilo que procuramos é a qualidade de trabalho e não a quantidade, treinar para jogar melhor.”

Culturalmente, e conforme já foi acima explicado, o referencial físico no treino é tido como universal e inquestionável, pois quase todos os trabalhos científicos publicados versam sobre esta temática. De facto, conforme diz Mourinho, existem “pessoas a pensar de forma radicalmente oposta”, mas importa salientar que a estrutura científica convida a trabalhos facilmente quantificáveis, de preferência com valores numéricos e, aí, entra o “publish or perish”, a pressão da publicação “obrigatória”. Tudo puxa para o mesmo lado e mesmo com o sucesso que Mourinho tem conseguido, poucos são os que realmente conseguem ir ao cerne da base que o sustenta, pois vivemos rodeados por conceitos bloqueadores de tal compreensão.

Por fim, Mourinho faz mais uma vez questão de deixar bem vincado que não tem nada contra as outras metodologias, sendo sua única intenção não permitir que essas se confundam com a “sua”. Neste contexto, surge a alusão ao treino integrado que, sistematicamente, surge como sendo aquilo que Mourinho faz. Os menos alertados para as questões desta metodologia julgam que arranjar um contexto jogado e, a partir daí, prolongá-lo mais ou menos tempo, intervalá-lo, promovendo alterações no espaço e no tempo visando solicitar mais ou menos este ou aquele sistema energético estão a operacionalizar a Periodização Táctica. Nada mais errado! Isto conduz-nos à ideia da preparação física com bola o que nos remete para o Treino Integrado onde a principal referência continua a ser o físico.

Quem efectivamente operacionaliza o treino segundo os pressupostos da Periodização Táctica tem como grande preocupação a operacionalização de uma ideia de jogo, ou seja, aquilo que mais marcadamente distingue a Periodização Táctica das demais é o facto de ter em conta o modelo de jogo o que, em termos de complexidade, ultrapassa largamente o ter em conta somente a modalidade. O entendimento de que, em competição, a organização de jogo é o que marca verdadeiramente a diferença. Daí que seja a dimensão táctica (não uma Táctica abstracta, mas os princípios de jogo) a coordenar todo o processo de treino semanal.

domingo, 15 de agosto de 2010

EXERCÍCIO INTERSETORIAL

“Eu quero criar sempre superioridade… por isso, um dos quatro (jogadores da linha defensiva) tem que entrar no meio-campo… não interessa qual… mas quando um entra os outros (três jogadores da linha defensiva) têm que fechar.”

Louis Van Gall



Exercício que valoriza a manutenção da posse e a conexão intersetorial com bola, e os grandes princípios em geral. Com o ajusta de tempo e espaço pode-se utilizar tanto quarta quanto quinta-feira.

É importante salientar que a dupla de meias não pode entrar no campo de defesa, e deve criar linhas somente no campo de ataque.

Grande abraço.

Luis Esteves

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ESPORTE CLUBE CRUZEIRO
SUB-14
COPA COLINAS 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PROFESSOR RAFAEL VIEIRA


Quem vê uma foto como essa pode deixar passar desapercebido um ou outro integrante da comissão técnica, até por quê a atenção maior normalmente é para o treinador, dono da última palavra nas definições da equipe, mais atenção ainda recebe esse treinador quando é o treinador da maior seleção do mundo.

Bom, mas para alguns que conhecem as pessoas presente na foto, certamente à mesma gera alegria ao ver profissionais trabalhadores que por muitos anos estiveram em clubes pequenos, até mesmo escolinhas, chegando no topo do mundo, o top.

O professor Rafael Vieira, ao qual fui atleta lá por 1996/97 mais ou menos, no pequeno C.E.Aimoré, juvenis (se não me engano), no qual me lembro bem do local, campo, estrutura, jogadores, era tudo muito humilde e difícil, como sempre é nesses clubes, como é no meu atual clube, mas mesmo assim as pessoas que estavam envolvidas lá fazia um bom trabalho, ou seja, não é a toa que as coisas acontecem. O próprio Mano Menezes, que segundo relatos de sua filha passou um ano desempregado, recebendo diversos convites fora da área para a sustentação pessoal, treinou equipes inexpressivas, até mesmo equipes não competitivas, para mim isso é a prova maior da busca do conhecimento, que está a disposição de todos, basta saber perceber e absorver.

Parabéns Rafael, do Montserrat para a seleção, desejo a você toda a sorte do mundo cara, aliás, começou bem esse time, com a velocidade coletiva que o bom futebol merece ter. As peças certas no lugar certo é quase que certeza de sucesso.

Um Grande abraço!
Espero lhe encontrar em breve na cdd

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O CAMUNDONGO MEDROSO

Diz a fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato.



Um mágico teve pena dele e o transformou, então, em gato!


Mas aí ele ficou com medo de cão


Por isso, o mágico o transformou em pantera.


Então, ele começou a temer os caçadores.


A essa altura, o mágico desistiu.


Transformou-o em camundongo novamente e disse:


- Nada que eu faça por você vai ajudá-lo porque você tem apenas a coragem de um camundongo.

 
 
Grande abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A ORGANIZAÇÃO FRACTAL DO FUTEBOL NOS SEUS CONFRONTOS

“As boas equipas, marcam muitos golos em transição, mas também em organização ofensiva e bolas paradas, portanto, o número de golos, deve estar distribuído de forma equilibrada.”

José Guilherme Oliveira
2006
A proposta de organização fractal do jogo de futebol que é colocada por diversos autores que falam sobre a periodização tática me parece ser fundamental, para o entendimento da não separação de forma "valorizada" das dimensões do jogo nos treinamentos.

Para mim o entendimento de fractal, e consequentemente fragmentação, vai ao encontro da manutenção da complexidade da tomada de decisão. Sendo o futebol um jogo de tomadas de decisão constantes, dentro de diversas dimensões organizacionais ( Individual, Setorial, Intersetorial e Coletiva) não podemos em nenhum treino, excluir por completo a tomada de decisão, devemos sim apenas regular a propensão em que ela irá ocorrer, dentro da complexidade dos princípios e seus sub comportamentos.

O futebol pode ser interpretado de forma fractal, o jogo em sí representa de formas diferentes, em diferentes ângulos a representação do jogo total

Os confrontos que ocorrem no jogo podem ser vistos em diversos tamanhos e números, sendo assim uma constante relação micromacro de jogo. A riqueza do treino deve estar exatamente na inter-relação entre as decisões. Não consigo velorizar um treino em que só exista a organização ofensiva, ou apenas a organização defensiva desconectada das transições. Separar estes momentos é o mesmo que desconectar as fases do jogo e o resultado disso é uma diminuição drástica da velocidade de tomada de decisão perante os acontecimentos do jogo.

O treino nunca pode valorizar a desconexão dos momentos, quebrar essa lógica interfere diretamente na velocidade coletiva da equipe.

Vou exemplificar aqui uma sessão de treino que pode privilegiar diversas formas de fragmentação do jogo, pretendendo nunca emprobecer o mesmo com situações inexpecíficas a determinado tipo de jogo.

FRAGMENTAÇÃO INICIAL - VALORIZAÇÃO INDIVIDUAL
MICRO-PRINCÍPIOS

Aquecimento técnico, com condução e muitos toques na bola, a princípio com muito pouca  complexidade e com liberdade de movimentos e ações, dentro de uma propensão. Estabeleci 3 circúitos diferentes em que queria uma preocupação grande com a condução e dribles, e seus detalhes mais técnicos.

Valorização da técnica individual como ativação

Após cerca de 3 Minutos, alongamos e contínuamos por mais 3 minutos. A preocupação foi totalmente individual, com o gesto motor e a eficiência na execução dos fundamentos propostos.

PEQUENA FRAGMENTAÇÃO
MICRO-PRINCÍPIOS

MICRO-CONFRONTOS

Após o aquecimento, passamos para uma preocupação um pouco maior, e realizamos um exercício em pequenos campos em que havia o confronto 1x1, com a utilização de apoios, para a realização de passes verticais.


1 contra 1 com apoios

SITUAÇÃO DE JOGO

Confronto 1 contra 1 - Qualidade Individual


PEQUENA FRAGMENTAÇÃO
SUB-PRINCÍPIOS

MICRO-CONFRONTOS

Dentro de uma sequência de complexidade seguimos para um exercício em que a participação de 2 jogadores com mais dois apoios aumenta a complexidade das ações. Mais possibilidades de escolha aparecem e o jogador neste momento passa a ter muitas possibilidades. Neste momento o modelo de jogo específico passa a dominar as ações e exclui / inclui ações.

2 contra 2 com apoios laterais

SITUAÇÃO DE JOGO


 
2 contra 2 - Qualidade individual e Coletiva


MICRO-CONFRONTOS

MÉDIA FRAGMENTAÇÃO
SUB-PRINCÍPIOS E PRINCÍPIOS

Seguindo uma progressão de complexidade vamos a um exercíício com maior valorização das combinações ofensivas em circulação, ainda de forma aposicional,  porém visando uma determinada estrutura organizacional. A partir daqui a preocupação se torma mais coletiva e a complexidade aumenta.



4 contra 4 com 8 apoios

SITUAÇÃO DE JOGO





TRANSIÇÃO OFENSIVA

Criar situações em que exista a valorização da posse e situações em que exista o aproveitamento da desorganização do adversário na transição ofensiva.

MICRO-CONFRONTOS

MÉDIA FRAGMENTAÇÃO
SUB-PRINCÍPIOS E PRINCÍPIOS

Exercício com preocupações estruturais específicas, relacionadas as funções ofensivas e defensivas da estrutura e do modelo. Maior complexidade pois aumentam as preocupações com a densidade de princípios e tomada de decisão.
 
 
5 contra 5 em estrutura posicional

SITUAÇÃO DE JOGO




GRANDE CONFRONTO
PRINCÍPIOS

Exercício final com grande propensão a grandes princípios, sem fragmentação, o jogo em só acontece de forma adaptada com os componentes originais, formatados a propensão que o espaço delimitado irá gerar.
 

11 x 11 + 11 (Em casos de grupos pequenos pode ser apenas 11x11)
É importante salientar que 11x11 com determinados objetivos relacionados ao modelo de jogo é diferente do antigo Coletivo, não tem nada a ver um com outro, a não ser a utilização de 11 jogadores contra 11.

SITUAÇÃO DE JOGO


11 contra 11 - Organização coletiva geral


Dentro destes exercícios podemos valorizar diversas dimensões da fragmentação do jogo. Temos a possibilidade de, em cada sessão inserir determinada propensão de algo, como por exemplo, exercícios setoriais, e variar situações em cima deste fragmento, ou também é possível realizar uma progressão no próprio treino, iniciando em uma situação individual e terminando em uma situação coletiva complexa.

Como os exercícios citados, tem possibilidade de participação em diversos dias da semana, o tempo de exercítação irá ser maior em exercícios que estiverem melhor inseridos no dia, por exemplo, na quinta-feira o exercício mais valorizado em termos de tempo de exercítação poderá ser o exercício 11x11, na quarta-feira poderá ser o exercício 4x4 + 8...etc.

Grande abraço
Luis Esteves

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A VARIEDADE DOS EXERCÍCIOS


"Os exercícios apenas são potencialmente específicos."
José Guilherme Oliveira


Pessoalmente durante muitos anos me preocupei em exercícios. tanto é que o que originou o meu Gerenciador, em seu primeiro protótipo, foi o armazenamento dos exercícios. Pensava eu que o mais importante era ter muitos exercícios diferentes, com o intúito de não enjoar o jogador, deixar a equipe sempre motivada com novos exercícios. E de fato, isso acontecia.



Muitas vezes fui parabenizado por metodologicamente ter diversos tipos de exercícios "difíceis", as vezes copiados, as vezes adaptados, as vezes criados, diferentes do que os outros treinadores da mesma realidade apresentavam, o que de certa forma valorizava meu trabalho, metodologicamente no meu ambiente inicial me valorizei assim. Na época essa era uma preocupação.



Acho que sempre será, porém a forma como essa preocupação acontece é que mudou. Hoje não me preocupo mais se o exercício é fácil ou difícil, se tem muitas ou poucas bolas, quantos cones ou estacas usamos, quantas regras tem, etc.. essas preocupações, que antigamente para mim eram importantes pois deixavam o exercício mais atrativo, mais chamativo pros jogadores e treinadores/colegas, nada mais eram do que enfeites, coisas desnecessárias, hoje são secundárias, continuam importantes porquê envolvem a complexidade do exercício, mas estão totalmente subjugadas ao princípio do modelo.



E o desnecessário nada mais é do que peso morto para levar, então precisamos jogar fora. Vejo hoje que a simplicidade é um dos maiores segredos dos exercícios. Um simples quadrado pode gerar muitas coisas boas para um modelo. O mais importante em um exercício não é o exercício, mas sim a propensão que ele gera no comportamento que se quer da equipe.



Portanto, digo aos treinadores iniciantes que entram neste blog, não baseie sua metodologia em coleções de exercícios de outros treinadores, pegue e copie alguns que sirvam para o modelo, porém, escolha os poucos e bons e neles crie a sua operacionalização semanal, uma grande variedade desconexa acaba por tirar a progressão complexa da equipe, pois a preocupação em não enjoar o grupo, ou querer agradar este ou aquele, acaba deixando de lado o mais importante que é a evolução do modelo.



Esse erro é muito comum e eu mesmo já cometi muitas vezes, é o que eu chamo de tapar um buraco e abrir outro, na verdade, durante todas as semanas do ano, teremos que dar propensão ao modelo, de forma muito equilibrada, para que não haja estabilização desse ou daquele princípio, ou ate mesmo uma desvalorização. É necessário sempre gerar novas crises para que haja a evolução.



Para isso, não dá para ficar variando muito os exercícios, deve-se sim variar, porém, sem mudar muito a estruturação, apenas mudando um ou outro objetivo, porém com os mesmos princípios sempre, de forma mais ou menos complexa, lembrando que quanto mais evoluido for o modelo mais rico em termos de comportamentos ele será e os exercícios devem acompanhar isso.


Grande Abraço
Luis Esteves
la_futeboll@hotmail.com